terça-feira, 3 de novembro de 2009

Lévi-Strauss...

... o ser humano não é um habitante privilegiado do universo, e sim uma espécie passageira que deixará apenas alguns traços de sua existência quando esta estiver extinta."

Quando amamos nos deixamos apagar para o mundo.

Engraçado isso, sempre achei tal sentimento banal. Inútil para o indivíduo progressista. Insalubre para a alma. Talvez seja como uma droga. Você sabe que está fora de si, corre o risco de jamais voltar a superfície, e mesmo assim não se importa. Mergulha mais e mais.

"Dostoiévsk no Armário"

Quando a morte está prestes a acontecer, quando uma casa vai desabar por cima de alguém, por exemplo, há a vontade terrível de se sentar, fechar os olhos e esperar.
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Seja o que for é estranho que nesse momento as pessoas raramente desmaiem.

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E com a força que existe em mim, creio que sou capaz de suportar todas as torturas, contanto que possa dizer a cada instante, eu existo...
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Gente Fina de Cilene Guedes


quinta-feira, 29 de outubro de 2009


A Lua é Minha


Estréia na Satyrianas às 04h da manhã da segunda – “A Lua é Minha” Texto do Bortolotto
(dir. Luis Eduardo Frin) – Teatro - Espaço dos Satyros I

sábado, 10 de outubro de 2009

Constatium

Em alguns momentos da vida descobrimos que o caminho trilhado por nós, só pode passar um por vez. Ou há alguém a frente de tudo, ou atrás. Isso é irreversível.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Mistérios...

Como pode uma peça indicada a dois prêmios importantes do teatro brasileiro, não sair nem no guia da folha.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Phedra D. Córdoba estréia seu show STRANGER - ESTRANHO?



Lembro-me da primeira vez que entrei no Satyros, estava aguardando para assistir um espetáculo, quando de repente entra uma mulher alta de cabelos avermelhados vestida como uma verdadeira estrela de cinema. Chamava muita a atenção, preenchia o espaço todo, com brilho e uma risada de tirar o fôlego. Phedra D`Córdoba me disseram, ela entrou pela porta da frente do teatro, e alguns momentos depois de ter começado tal espetáculo, eis que surge mais uma vez para abrilhantar ainda mais o colorido espetáculo da CIA., com suas mágicas castanholas. Após o espetáculo, estava eu, o Fabiano Machado e alguns amigos sentados em uma mesa do lado de fora, quando ela arrasta uma cadeira e se senta junto a nossa mesa com suas histórias dignas de roteiros “Almodovarianos”, isso foi madrugada adentro, de sua saída de Cuba até o prédio em que morava pegar fogo. Incrível o brilho que aquela mulher tinha, como ocupava o espaço todo. Uma verdadeira artista, no mais sublime significado da palavra. Pelas suas histórias podia-se notar seu sofrimento, suas viagens, sua coragem, para poder cantar, dançar e atuar pelo mundo, tantos sorrisos e lágrimas deve ter arrancado das platéias em suas aparições pelos palcos. Hoje voltei ao mesmo espaço do qual a vi pela primeira vez, e lá estava ela, com seus olhos brilhantes, cheios de histórias, tomando conta de todo espaço, preenchendo cada centímetro do palco, da platéia, com suas mágicas castanholas, com seu enérgico brilho, dançando, cantando, contando, atuando, sorrindo e chorando. Pena ter chovido tanto, pouca gente na platéia, mas seu fôlego era de quem se apresentava para milhares pessoas. Afinal, uma estrela brilha sempre, mesmo que poucos estejam voltados pra ela.


Os 20 anos da Cia. de Teatro Os Satyros apresentam Stranger – Estranho?, espetáculo musical com a atriz transexual cubana Phedra D. Córdoba. O show estréia hoje, e fica em cartaz todas as segundas-feiras, 21h, no Espaço dos Satyros UM. O repertório varia entre releituras de clássicos latinos, como Mercedes Sosa e La Lupe, até versões de “Metamorfose Ambulante”, de Raul Seixas, e “I Still Haven’t Found What I’m Looking For”, de U2.


Sobre a diva do SatyrosPhedra D. Córdoba – sobrinha do ícone do teatro cubano Sergio Acebal -, começou sua carreira como ator e bailarino há 56 anos, trabalhando inicialmente em óperas e balés de Havana, utilizando o nome artístico de Felipe de Córdoba.Antes da revolução de 1954, Phedra abandona Cuba e viaja por 16 países, trabalhando em diversas companhias de dança na América Latina, com nomes como Walter Pinto, que convidou Phedra para se apresentar em 1958 no Rio de Janeiro. Após se fixar no Brasil, Phedra D. Córdoba inicia em 1968 seu processo de transexualidade. Ao mesmo tempo, a atriz desponta como ícone da incipiente cultura gay. A atriz passa a se apresentar em casas noturnas históricas, como Medieval, Homo Sapiens, Nostro Mondo, realizando seus shows também em saunas como Thermas Lagoa, Fragatta e Alterosas.


No teatro, Phedra iniciou sua carreira com o grupo paulista Pombas Urbanas, integrando o elenco de “Buraco Quente”, de Lino Rojas. Já em 2003, a atriz inclui o elenco da Cia. de Teatro Os Satyros. Sua primeira participação com a companhia foi na peça “A Filosofia na Alcova”, de marquês de Sade, no Festival de Teatro de Curitiba. Em seguida, integrou o elenco de “Retábulo da Avareza Luxúria e Morte”, “Kaspar ou a Triste História do Pequeno Rei do Infinito Arrancado de Sua Casca de Noz” e segue desde então nas montagens da Companhia.


Sobre o espetáculo


A idéia do espetáculo musical começou na viagem dos Satyros para Cuba, no ano passado, para apresentar a peça LIZ. Depois de sair de Cuba, foi a primeira vez que Phedra retorna ao seu país de origem.No momento, Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez, fundadores da Cia. de Teatro Os Satyros, convidam a atriz para celebrar os 20 anos da Cia. A partir daí, Phedra começa a escolher o repertório, dando prioridade à música cubana. “Rodolfo já conhece meu lado atriz, agora vai conhecer meu lado vedete”, revela Phedra D. Córdoba, com seu sotaque típico. No ano passado, Phedra realizou um pocket show no Espaço Parlapatões após a projeção do filme “Os Sapatos de Aristeu”, de Luiz René Guerra, que tem como protagonista a atriz cubana. A apresentação foi uma prévia do que viria a ser apresentado em seu show, “Stranger – Estranho?”. Repleto de figurinos de seu acervo pessoal, Phedra revisita sua época de vedete do Teatro de Revista.Acompanhando a diva do Satyros, estão os músicos Frederico Godoy, Bruno Balan, Franco Lorenzon, respectivamente no teclado, percussão e baixo acústico. E entre uma música e outra, são projetados vídeos realizados pelo cineasta Evaldo Mocarzel durante a viajem dos Satyros a Cuba.

Todas às Segundas no Espaço dos Satyros I, às 21:00hs.


Fonte: Site do Satyros

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

domingo, 13 de setembro de 2009

quinta-feira, 23 de julho de 2009


Caminhando sozinho, está um dia meio frio, pequenas gotículas de chuva estão quase que paradas em meio ao ar pesado e espesso, que aperta minha cabeça que dói. Estava meio pensativo, meio calculista, meio homem, meio seco. Laranjas ácidas para molhar meu céu da boca. Quando me lembrei de seus olhos claros, brilhantes e carregados de pequenas duvidas, carregados de pequenas interrogações cinza-céu-inverno. De repente chuva, apenas em meus olhos, de repente vida apenas em meu falo, de repente entendo a minha vida transeunte, sem espelho, sem medo, apenas transeunte. Me deixa não racionalizar minhas angústias, minhas preferências, minhas histórias fantásticas e meus olhos de admiração. Não apague essa minha cegueira voluntária, só quero ter olhos para você, e pra mim isso já é o bastante, só quero ter olhos, um bom vinho e um pedaço de proteína. Deixa meu sangue ferver em explosões, deixa meu sangue continuar fervendo por você. Não racionalize minhas loucuras, para não me ver de costas entre uma luz e outra, entre uma mordida e outra, entre outros. Não tenho força o suficiente para provar diariamente a minha parcialidade inexistente. Deixa como está, frio, silêncio, apenas você e eu em meio a esse mar instável de vidas camufladas.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

segunda-feira, 22 de junho de 2009

...


Entre um cigarro e outro, um chocolate meio doce meio amargo. Seu gosto insiste em minha língua meio santa, meio suja... Fico parado em meio ao tempo, ócio, tentando encontrar em meio às almofadas e algumas peças de roupa, seus olhos. E entre um sorriso sem jeito e alguns suspiros, nos enrolamos, despreguiçamos como se o mundo existisse em um lugar bem distante, onde nossos olhos e nossas mentes não são capazes, ou talvez sem vontade alguma, de alcançar. Te dou um banho com a língua, entrelaço meus dedos em seus cabelos e logo mais nos vemos brincando como dois filhotes, meio gente, meio felino. E os meus olhos te perseguem, te admirando, por todo quadro de variedades, vinhos, chocolates, aspirinas e cigarros. Logo somos um, logo sou seu novelo, logo sou seu, logo sou eu, aqui, esperando que logo seja minha novamente. Adoro te ver minha. E assim, como animais, gozamos do conforto meio quente dos pêlos, cabelos e assopros. Procuro carinho em seu peito, você me oferece o peito, em seguida dormimos cansados de despreguiçar. Então eu te acordo mais tarde, logo cedo, com cheiro de chocolate, cigarro, vinho, suor, animal... E com os olhos te convido a me amar. E com os olhos você me ama... Em seguida nos separamos, e seu cheiro aqui, esfregado em mim, em minhas mãos, em minha boca, em meu sexo, em minha vida.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Solstício de Inverno

Solstício de Inverno from Raquel Espirito Santo on Vimeo.

Um lindo filme, um grande ator, irmão, amigo. Chico Ribas. Parabéns querido...

solstício

Um pouco de medo, paz, excitação, penetração... Um pouco de tudo em meus olhos. Às vezes acho que minhas mãos não são tão frias, as pessoas são aquecidas demais. Engraçado como ficamos pequenos em terra de gente grande...

Justine

"Justine" de Marquês de Sade.
Quartas, quintas, sextas às 21:00 hs. e aos Sábados às 23:59 hs.
No Espaço dos Satyros II

terça-feira, 12 de maio de 2009

Você existe apenas naquilo que faz. (Federico Fellini)

domingo, 10 de maio de 2009

"Justine"`Terças e quartas às 21:00 hs. e Sábados às 23:59 hs.

Andressa Cabral e Diogo Moura

Oleg Dou
Entre pequenas palpitações eu (reticências)
Entre o chão e o céu (vírgula) me vejo flutuando em (reticências)
Não consigo escrever quando estou (exclamação)
Amém

sábado, 2 de maio de 2009

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Satyros faz aniversário com Sade

Grupo celebra 20 anos encenando Justine cheia de boas soluções cênicas
Por Beth Néspoli


Para chegar à sala teatral do Espaço dos Satyros 2, na Praça Roosevelt, o espectador percorre até o fim o corredor de entrada, desce uma escada circular, chega a um saguão na penumbra, depois desce outro lance de escada até acomodar-se nas arquibancadas da sala pequena de 50 lugares. Nesse porão já funcionou a ruidosa boate Cais e talvez isso justifique a arquitetura inusitada do palco, com seus mezaninos e plataformas em diferentes níveis de altura e distribuição irregular pelo espaço.Não podia ser mais pertinente encenar nessa geografia que faz pleno jus ao nome underground um espetáculo como Justine, baseado no romance homônimo do Marquês de Sade (1740-1814), autor considerado maldito, cujos livros, durante sua vida e mesmo muitos anos depois de sua morte, foram censurados, sempre publicados clandestinamente. "Talvez nenhum outro escritor tenha suscitado tantos mal-entendidos, especulações, preconceitos e equívocos", escreveu em artigo no Estado Eliane Robert Moraes, uma das mais respeitadas especialistas em sua obra.Justine estreia amanhã encerrando a trilogia libertina dos Satyros, iniciada com A Filosofia na Alcova e 120 Dias de Sodoma, ambas ainda em cartaz na sede do grupo, na Praça Roosevelt. O Estado publicou em 2003 uma crítica sobre a primeira montagem na qual ressalta como mérito do grupo não "temer as ideias de Sade, mas também não se deixar seduzir por elas". Sade foi contemporâneo de Rousseau (1712-1778), cujo pensamento de que o homem era bom por natureza e a sociedade o corrompia era o inverso das ideias que defendia como libertino. Para ele, egoísmo, volúpia, luxúria e crime eram impulsos naturais e o homem só seria feliz dando plena vazão a eles."O que tem o Sade que toca tanto a gente? A Filosofia na Alcova pode-se dizer que está há 20 anos em cartaz", diz o diretor Rodolfo García Vázquez. A primeira fundação dos Satyros feita na parceria entre o ator e dramaturgo Ivam Cabral e o diretor Vázquez foi em São Paulo, em 1989, num teatro na Major Diogo, vizinho ao TBC. Ali eles encenaram Sade ou Noites com os Professores Imorais, a primeira montagem baseada em A Filosofia na Alcova. "Na época, o que nos impulsionava era a rebeldia", diz Vázquez."Tínhamos acabado de fundar os Satyros e veio o período Collor. O teatro não tinha qualquer apoio. Na época, uma amiga mostrou o romance e disse: ?Duvido vocês encenarem este livro.? Por imaturidade e ingenuidade, a gente aceitou o desafio." Por conta do misto de escândalo e sucesso, três anos depois eles foram convidados para viajar a Portugal, e por lá acabaram ficando por cinco anos. Em meados de 90 voltaram para o Brasil e instalaram sua sede em Curitiba. Voltaram a Sade, fizeram outras adaptações consideradas difíceis, como Salomé e Contos de Maldoror, de Lautréamont. Em dezembro de 2000 abriram nova sede na Praça Roosevelt, onde estreou 120 Dias de Sodoma.Agora eles voltam a Sade para celebrar o aniversário de 20 anos dos Satyros. Desta vez, não é ?apenas? a rebeldia que os move. "Já fizemos dois romances, não queríamos repetir fórmulas. Estudamos a obra com afinco, foram nove meses de ensaios", diz Vázquez. "Tenho muito respeito por esses atores, porque numa sala de 50 lugares e um elenco de 20 atores todos já sabem de antemão que não vão ganhar dinheiro, mesmo que o espetáculo lote todas as noites. E não temos qualquer patrocínio ou apoio, eles ensaiaram sem ganhar nada."Ao contrário do que ocorre em A Filosofia na Alcova ou 120 Dias de Sodoma, Sade explora o ponto de vista da vítima, e não do libertino, a partir do contraponto entre as irmãs, Justine e Juliette. Órfãs na adolescência, expulsas do colégio interno por falta de dinheiro, desamparadas, tomam caminhos opostos. Juliette entra para um bordel, depois casa-se e mata o marido; viúva rica, leva vida de libertina, mas mantém a aparência de senhora da sociedade. Justine rejeita tal caminho e sofre as mais diversas agruras, sempre submetida ao caprichos dos ricos, moralistas na aparências, pervertidos na essência."Buscamos problematizar as questões da peça, que são muito atuais", explica Vázquez. "De que adianta seguir princípios morais se a sociedade não é regida por eles? O que leva um sujeito que ganha R$ 800 por mês a não se rebelar contra o patrão que o trata mal? Ou contra o político que desvia o dinheiro dos impostos? Ficamos impressionados porque o casal de sovinas trata Justine como coisa o tempo todo. Mas é muito diferente a nossa classe média, quando diz ?essa gente? para falar de empregadas ou porteiros?"A julgar pelo ensaio acompanhado pelo Estado, a encenação de Justine é reveladora da experiência acumulada. É plena de soluções surpreendentes, algumas brilhantes, na direção segura de Vázquez. Reentrâncias sob uma plataforma servem à perfeição como celas de um convento; o mezanino pode abrigar ora o júri em um julgamento, ora a plateia ruidosa na reconstituição de um crime; nem a escada que leva à saída é desprezada.
Preste atenção......
na brincadeira de mãos entre as irmãs Justine e Juliette (Andressa Cabral e Erika Forlim). É muito pertinente a apropriação de um jogo infantil para dar leveza à narrativa da gênese das personagens.... no olho no criado (Robson Catalunha) que "testa" a virgindade de Juliette quando ela pede abrigo num bordel. Concebido e interpretado de forma não realista, entre o grotesco e o cômico, é figura de aparição relâmpago, mas inesquecível....
na "fila" que se forma no cabaré, com a entrada em atividade da "virgem" Juliette. No bordel, seu olhar será atraído pelas cenas que ocorrem numa cabine vermelha, mas não deixe de observar essa "fila". É um dos bons momentos, entre outros, como nas cenas de julgamento, em que o "coro" torna-se extremamente expressivo graças à criatividade com que se estrutura sua atuação....
no nome do patrão sovina de Justine, clara citação de Sade ao protagonista Harpagon da peça O Avarento, de Molière. Referência que não passou despercebida ao diretor e aos atores. Em todas as cenas do casal de sovinas (Ruy Andrade e Gisa Gutevil), a linguagem, dos figurinos às interpretações, remete à estética à Commedia Dell"Arte, fonte de inspiração de Molière....
no recurso simples, uma touca de pano, cuja utilização resulta num interessante efeito para expressar a forma como Justine, já apelidada Sophie, é obrigada a de desdobrar para dar conta do trabalho excessivo na casa do patrão sovina....
no uso de um recurso de humor ingênuo para alcançar um resultado cortantemente irônico. Tal comicidade se dá na relação entre Justine/Sophie e seu "salvador", o Sr. Bressac (Henrique Mello), quando ele lhe leva de volta ao bosque onde a encontrara.

domingo, 19 de abril de 2009

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Justine



Ontem fizemos o primeiro ensaio aberto da peça “Justine”, que estamos de forma descomunal, ensaiando a mais de sete meses. Parei ontem por alguns momentos durante o ensaio, e eis que me emociono, como estou agora, com tudo que estava vendo, ouvindo e sentindo. Sem dúvidas este foi pra mim o processo mais difícil e dolorido. E eu só percebi agora. Afinal, assumir nossos defeitos e maldades, não deve ser tão fácil, conviver com vinte e uma pessoas diferentes durante esses meses todos foi bem difícil, principalmente para um solitário como eu... Valeu a pena. Um pedaço de mim está lá, um pedaço de cada um que participou desse processo também está, no chão, nas paredes e no ar daquele teatro, exposto como em uma vitrine de açougue, pra quem quiser ver, de que matéria o homem é feito. E eis que hoje consegui dormir, após meses de insônia...

sexta-feira, 20 de março de 2009

Como dizer que aos poucos aquele mundo preto e branco que eu sempre admirei, foi passando a ter cores vivas e desenfreadas? Como nunca notei que nesse meu reino de cores frias, onde eu me fazia vassalo de mim mesmo, eu sempre possuí estirpe régia... A delicadeza de teus longos dedos, seus cabelos cacheados e seu olhar de interesse em minhas luxuriantes estórias, me fizeram, ou melhor, me fazem querer embriagar-me em sua salíva... E assim eu perco o rumo, fico meio bobo, meio lento, meio inteiro e meio. Não consigo deixar de te buscar com os olhos, não passo mais aquela imagem de senhor de mim, perto de você perco toda minha autoridade. E sabe o que é mais excêntrico? Eu não me importo.

domingo, 8 de março de 2009

Peter Witkin

No cheiro doce de sabor ácido do teu sexo me fiz mergulhar em êxtase e vício...


terça-feira, 24 de fevereiro de 2009


Quando as pupilas dilatam, o coração acelera e a pele passa a ser mais sensível.
Quando as imagens ficam, a saliva escorre e o sangue esquenta.
Quando os sonhos param, o orgasmo se interrompe.
Quando a vida recomeça, as vontades voltam e a vida volta a ser vida...
Mesmo que pra isso, sacrifiquemos algo...
Viciante.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

ALBERTO GUZIK COMEMORA 60 ANOS DE PALCO COM TEXTO DE MIRISOLA

Um dos maiores críticos e atores do teatro brasileiro, Alberto Guzik, e o grande ator e amigo Chico Ribas, em "Monólogo da Velha Apresentadora", riso certo de linhas tortas. Uma comédia que faz rir e refletir sobre preconceitos que se arrastam pelo tempo... Vale muito a pena ver!

“Monólogo da Velha Apresentadora” mostra o desabafo da velha Febe Camacho, que vem do teatro de revista e dos tempos históricos da televisão brasileira. Ela está furiosa porque sua empregada foi seqüestrada e exigem dinheiro para liberar a mulher.
Febe chega a pensar em não pagar o resgate e deixar a empregada entregue à própria sorte. Mas os sequestradores ameaçam denunciar a velha e famosa apresentadora por “falta de sensibilidade social”. Febe aproveita então seu programa para desabafar. Compara seus tempos com os tempos atuais, xinga, briga, faz confissões que envolvem presidentes e altos mandatários do país, lembra dos tempos da revista, de seu começo na televisão.
A velha apresentadora vai revelando aos poucos que tem muita raiva e muitos preconceitos. E aproveita esse momento para dizer com total franqueza tudo que pensa. É uma comédia com ácido cítrico, como costuma fazer Mirisola, que não tem papas na língua e nem nos dedos para escrever o que pensa e para sacudir a pasmaceira, as acomodações, a passividade.

MONÓLOGO DA VELHA APRESENTADORA

Texto: Marcelo Mirisola

Direção: Josemir Kowalick

Elenco: Alberto Guzik

Trilha sonora: Ivam Cabral

Iluminação: Rodolfo García Vázquez

Assistência de direção: Chico Ribas Quando: Quartas e quintas, 23h

Onde: Espaço dos Satyros Um, pça Roosevelt, 214

Quanto: R$ 20,00; R$ 10,00 (Estudantes, Classe Artística e Terceira Idade); R$ 5,00 (Oficineiros dos Satyros e moradores da Praça Roosevelt)

Lotação: 70 pessoasDuração: 40 min

Classificação: 12 anos

Gênero: ComédiaEstréia: 11 de fevereiro a 26 de março

Matemática divina...

J. Peter Witkin


Eis que saio de casa e me deparo com uma mulher magra, que comia algo que não consegui identificar, deitada num pedaço de trapo sujo. Ela acena pra mim com um sorriso que me contagia, eu aceno pra ela também. Ela me diz sorridente; Eu moro aqui, essa é minha casa a quatro anos, graças a Deus... Então somos vizinhos, eu pensei, graças a Deus, ou graças aos homens... Sigo meu caminho, paro alguns quarteirões à diante. Então, eis que tiro um punhado de deus dos homens do bolso e compro uma carteira de cigarro. Porque será que alguns tem direitos maiores sobre esse deus, possuem esse deus em demasia, enquanto outros são privados de sua face? Será realmente que Deus tem culpa de que quase ninguém queira saber fazer conta de dividir? Ou será...


sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

"Entre a bigorna e o martelo, fiquei o som" (Oswald Andrade)


Entre fogos de artifícios eu me refleti em um céu de loucura sanada. E em meu rosto carrego algumas expressões de terceiros, que carregam expressões de outros, que carregam de outros... E dentro dessa minha loucura sanada, me senti vazio e cruel, por amar demais, por querer demais, pelos excessos de meus sentimentos afogados entre um ou outro sorriso amarelo, sempre seguidos de um pigarro. Os sonhos retornam aos seus devidos lugares, e minha loucura volta a ser crônica, que me salva desse pequeno redemoinho de ilusões orgásticas. Meus olhos fechados são sempre mais brilhantes do que abertos, mas como deixar de abri-los, se eu preciso de um pouco de dor. Mas como deixar de caminhar entre uma ou outra viela de purgações, com pessoas destinadas a ser o que outros não querem ver dentro de si, talvez por alguns olhares morais, talvez por medo de sentir o cheiro de podre de seus corpos, recobertos por perfumes que exalam normalidade. Na verdade, nunca tive a pretensão de ser inteiro eu. Talvez amanhã eu me arrependa do hoje, ou talvez eu nem pense em mais nada. Mas minhas mãos geladas, e minhas olheiras desbotadas irão me perseguir durante todo tempo de vida. E quando eu não tiver mais força para abrir os olhos e sentir dor. Eu partirei sozinho, leve, sem lembranças, e provavelmente com uma daquelas caixas de perfume de que a pouco falei. Então por enquanto, me deixa ser assim, meio frio, meio louco, meio sozinho, meio inteiro, meio belo, meio animal, meio humano, me deixa ao menos ser a metade de algo que ninguém quer ser...

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009