sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Ladainha dos medos.

As vezes tenho tanto medo da fragilidade da vida, dos planos ilusórios em busca de um nada. Dos nadas concretos cerceados por sorrisos demasiadamente amarelados, factuais, extremos, sinceros. Dos jovens amantes – psicóticos – psicodélicos. Do intelecto atômico infectado de deuses moribundos com sermões memorizados nos privilégios do ócio. Tenho medo da dor, minha e dos outros, do observar passo a passo o vazamento jugular dos meus dias enfermos, dos meus dias infernos, da minha vida feliz. Do escuro eterno dos suicidados vivos freqüentadores de cafés. Das ruas impuras com bondade. Das rezas infames. Dos extremistas defensores de uma idéia. Dos invisíveis sociais. Dos prostitutos ornamentados. Da sabedoria inútil, vil. Dos anônimos virtuais. Das idéias falidas. Dos sonhos destruídos. Do erro seqüencial. Das decepções. Do tarde demais. Do caminho sem volta. Das canções decoradas. Dos defensores da lei. Dos freqüentadores de templos, igrejas. Dos adoradores fanáticos. Dos sorrisos perfeitos. Da candura da alma. Da perfeição...
E mesmo assim insistem em dizer que vôo alto demais, que falo alto demais ou que rio alto demais. Só não entendo como alguém tão pequeno e medroso como eu, pode incomodar tanto, ocupar tanto espaço.