terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Urro poéticas.





Sinto que a luz vem rasgando todas as sombras,

num compasso belo de cubos de gelo já derretidos em degraus passados, 
peço calma para o corpo que não cansa, e sonhos para os pesadelos de outrora.
Renascer das cinzas já não acredito mais, efêmero, pois mesmo que do limbo,

da lama, renascer já é um ganho. 
E pouco a pouco me deixei lavar por línguas angelicais que me serviram tanto, 
para abafar o som agudo dos urros malditos que me molhavam o pranto.

Continuar morto seria o ideal, latindo o som da melancolia.
Mas meus grunhidos que me traem constantemente, estão partindo pra uma nova sinfonia. 
E creio que todos os banhos me arrancaram o cheiro,
e me fizeram adormecer para um novo sonho,
apenas pelo desejo profano de encarar o demônio,
e de não deixar que ele descubra que sei estar em um pesadelo.

Então eu acordo sorrindo para viver um novo, real.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Love story

Uma poça de sangue na calçada, algumas pessoas ao redor e no alto, um luminoso que diz, "história de amor". Um bom cenário para um roteiro qualquer, seria se não fosse real e o único diretor disso tudo fosse as cegas Parcas desfiando mais uma peça. Minutos antes do ocorrido. Talvez um sorriso, algumas brincadeiras, uma briga de ciúme ou talvez um simples pesar pelo revés de estar no lugar certo e na hora certa. Mesmo com a faixa que proíbe o trânsito pelo local, algumas pessoas apressadas... Alô, eu ouço do meu lado esquerdo, e sem notar a poça de sangue, alguém o arrasta por alguns metros com o salto agulha. Algumas cabeças se destacam entre as janelas. E eu carrego no imaginário a intriga de tentar adivinhar quem era o cálice deste. Se ontem, ao acordar, imaginou, mesmo que por um segundo, que hoje já não existiria e que todas as certezas, se diluíram com a água e o sabão. Será que esse idiota não vai parar de reclamar do motorista? Pensei e desci. Será que deixei comida para o gato?

segunda-feira, 25 de julho de 2011

sábado, 23 de abril de 2011

Como dizer que ainda não sinto?





De repente ele para, abre os olhos e olha para a frente, e entende que mundo é bem maior do que aquele pedaço de céu através da janela, e que seus planos, sonhos, jamais dependerão de um único coração, de uma única ação. Não posso fingir que a falta que sinto deixou de ser falta, mesmo porque o meu sorriso não esconde os meus olhos que dizem tanto quando fechados. Me diz agora, onde estão aqueles sonhos duplos, aquelas velhas histórias de preguiça, os meus futuros filhos, os meus chegares, os meus sorrisos, as minhas cócegas, as minhas pequenas brincadeiras sem graça, o encostar dos pés, o olhar por dentro e acima de tudo, o se sentir inteiro, mesmo que por pequenos momentos? Pode parecer engraçado, mas chego a pensar que a felicidade pode ser comparada a morfina, jamais deve ser consumida de maneira desenfreada, ela também pode ser bem perigosa se experimentada em grandes doses diárias, pois quando o corpo já viciado é privado da mesma, os nervos se paralisam, as pupilas dilatam, o estômago se contrai, sem falar daquela sensação de vazio. Então, você se violenta de várias formas possíveis, tentando sentir fisicamente essa dor, ou melhor, outra dor, para que aquela que você não sabe da onde vem seja um pouco esquecida, mesmo sabendo que será em vão. Então os dias vão passando e você continua tentando preencher esse enorme espaço que ficou em você, com algumas risadas nervosas, uns silêncios barulhentos, e entre uma punheta e um cigarro, você aperta firme os olhos para não vazarem, como um trem vazio. Talvez um dia eu entenda o porquê disso tudo, ou talvez não. Mas agora posso afirmar que mesmo com tudo isso aí fora, aqui dentro eu sei, e me orgulho, de ter experimentado parte do que os românticos diziam.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Espera


Uma divina comédia.


Uma visita que não chega.


Uma espera, que sinceramente, espero que acabe.



Eis a minha angústia.

Me nego a ocupar mais do que esse espaço

para dizer o quanto

está difícil.

terça-feira, 1 de março de 2011

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Sonhos.

Professione di fede



Essa sensação angustiante de não ser tão bom no que faço, me deixa minimamente constrangido pelas pessoas que me rodeiam. Principalmente, quando estas fazem questão de iluminar a minha incompetência. Mesmo porque, sempre que me pego observando, vejo personagens de uma fábula infantil, e isso é inevitável, com todas as suas caricaturas e toda a sua previsibilidade. Nunca perderam essa claustrofóbica reafirmação em cima daquele que não é tão bom. Pois pense comigo. Se eu na minha intelectualidade limitada, passasse a me comparar a alguns quadrúpedes, seria dentre estes, o ser mais pensante do mundo. Afinal, chego a pensar que a grande maioria dos meus defeitos existiu apenas na cabeça de um, que não conseguindo segurar aquela claustrofóbica comparação de que a pouco falei, fez questão de deixá-lo claro para ambos e assim, reafirmar novamente a insegurança de ser. E se esse incomodo não se fez tão apagado durante algumas linhas, é porque algo, mesmo que no fundo, está amedrontando-o. Pois deixo claro a não intenção de ser diferente, ou ser tratado como tal. Estou apenas reivindicando o direito que tenho de ser acreditado, mesmo que por uma única vez. E peço desculpas por fazer acreditar que gostaria muito de estar no seu lugar, quando na verdade o que eu gostaria mesmo, é de superá-lo pelas bordas dos degraus.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011