quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Le réflexe de moi dans le miroir du Narcisse qui pleure…

SALVADOR DALI : « La Métamorphose de Narcisse »1937



Eu tenho a alma de um vagabundo e um bom travesseiro para abraçar. Vivendo na espera constante de um novo amor, só para depois o abandonar. A vontade estranha de ser mais um no meio de tantos. A vontade estranha de ser tantos dentro de um. Um leão faminto com alguma carne para dilacerar, e depois cuspir para os abutres que a esperam deliciar. Os olhos de gato que revira latas em busca de um rato, enquanto em casa possui dentre todos o melhor prato. Alguns poucos amigos que faço questão de me gabar, e carrego dentro dos olhos todos juntos para todo lugar. Tenho um casaco novo todos os dias do verão. E ando pelado durante o inverno por opção. Caminho no fogo esperando o medo me matar, e depois ressuscito das cinzas de maneira suja e com minha língua vulgar. Derramo algumas lágrimas durante a noite para te confortar, enquanto me masturbo pensando em mim mesmo em um bom lugar. Tenho pesadelos constantemente, e agradeço todos os dias por acordar. Possuo dentes de ferro e um escudo de prata no calcanhar. Um cavalo negro que de tão arisco chega a matar. Asas que de tão grande chegam a pesar. Chifres de rinoceronte, e uma longa amizade com o caronte. Um coração de pedra e sentimentos profundos. Possuo uma constelação só para iluminar o meu mundo. O meu suor amargo e envenenado já fez cair por terra os mais terríveis guerreiros. E a minha vida profana já pôs em dúvida a crença dos mais famosos santeiros. Tenho a costa larga e um couro grosso de tanto apanhar, mas tenho as garras afiadas e um olhar ingênuo para acompanhar. A minha saliva quente que em cada corpo tende a marcar. E essa luz que me acompanha no mais profundo penar. Amando sempre, mas nunca a mesma pessoa. Esperando sempre aquela que me faça enlouquecer, e talvez me mostre o quanto eu amei de maneira à toa. Ou simplesmente nem cheguei a amar.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Despedida...



Lava
A minha memória suja neste rio de lama,
A extremidade da tua língua me limpa por toda parte,
E não deixa mais o mínimo vestígio
Daquilo que me prende e que me cansa.
Infelizmente!
Caça,
Persiga-o em mim, é apenas em mim que ele vive,
E quando o tiver na extremidade do teu fuzil,
Não ouça se ele te implora,
Você sabe
Que ele deve morrer de uma segunda morte
Então,
Acaba com ele... outra vez.
Chora!Eu tenho feito isso antes de você e não adiantou nada,
Quão bom é os soluços (de choro) inundarem as almofadas?
Eu tentei, eu tentei
Mas tenho
O coração seco e os olhos inchados
Mas tenho
O coração seco e os olhos inchados
Então queima!
Queima no momento em que se envolve na minha grande cama de gelo
A minha cama como uma banquisa que derrete quando você me entrelaça
E mais nada é triste
E mais nada é graveSe tenho...
O teu corpo como uma torrente de lava
A minha memória suja neste rio de lama
Lava!
A minha memória suja neste rio de lama
Lava!
(Chanson D`Amour)