sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

"Entre a bigorna e o martelo, fiquei o som" (Oswald Andrade)


Entre fogos de artifícios eu me refleti em um céu de loucura sanada. E em meu rosto carrego algumas expressões de terceiros, que carregam expressões de outros, que carregam de outros... E dentro dessa minha loucura sanada, me senti vazio e cruel, por amar demais, por querer demais, pelos excessos de meus sentimentos afogados entre um ou outro sorriso amarelo, sempre seguidos de um pigarro. Os sonhos retornam aos seus devidos lugares, e minha loucura volta a ser crônica, que me salva desse pequeno redemoinho de ilusões orgásticas. Meus olhos fechados são sempre mais brilhantes do que abertos, mas como deixar de abri-los, se eu preciso de um pouco de dor. Mas como deixar de caminhar entre uma ou outra viela de purgações, com pessoas destinadas a ser o que outros não querem ver dentro de si, talvez por alguns olhares morais, talvez por medo de sentir o cheiro de podre de seus corpos, recobertos por perfumes que exalam normalidade. Na verdade, nunca tive a pretensão de ser inteiro eu. Talvez amanhã eu me arrependa do hoje, ou talvez eu nem pense em mais nada. Mas minhas mãos geladas, e minhas olheiras desbotadas irão me perseguir durante todo tempo de vida. E quando eu não tiver mais força para abrir os olhos e sentir dor. Eu partirei sozinho, leve, sem lembranças, e provavelmente com uma daquelas caixas de perfume de que a pouco falei. Então por enquanto, me deixa ser assim, meio frio, meio louco, meio sozinho, meio inteiro, meio belo, meio animal, meio humano, me deixa ao menos ser a metade de algo que ninguém quer ser...

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009