Sinto que a luz vem rasgando todas as sombras,
num compasso
belo de cubos de gelo já derretidos em degraus passados,
peço calma para o
corpo que não cansa, e sonhos para os pesadelos de outrora.
Renascer das cinzas já não acredito mais, efêmero, pois mesmo que
do limbo,
da lama, renascer já é um ganho.
E pouco a pouco me deixei lavar por
línguas angelicais que me serviram tanto,
para abafar o som agudo dos urros
malditos que me molhavam o pranto.
Continuar morto seria o ideal, latindo o som da
melancolia.
Mas meus grunhidos que me traem constantemente, estão partindo pra uma nova sinfonia.
E creio que todos
os banhos me arrancaram o cheiro,
e me fizeram adormecer para um novo sonho,
apenas pelo desejo
profano de encarar o demônio,
e de não deixar
que ele descubra que sei estar em um pesadelo.
Então eu acordo
sorrindo para viver um novo, real.